Saturday, March 22, 2025

Fernando Pessoa

 Cismo, remoto da calma

Em que de sentir-me vou,

Não sei quem é a minha alma

Nem ela sabe quem sou.


E neste mal entendido

Entre quem sou e o que é eu

Vai, tudo com outro sentido

Que está entre a terra e o céu.


No intervalo cresce o mundo

Com sóis e estrelas sem fim.

Tem um sentido profundo.

Conheço-o. É fora de mim.


*

 

31 - 3 - 1934 


Fernando Pessoa


In Poesia 1931-1935


Imagem: Alan Saunders




No comments: